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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Óscares 2011: The Fighter (Crítica)

Um drama familiar entre ringues e sacos de areia

Classificação: 8/10

Depois de tantos boxing films do género boxeur-amador-com-pouca-sorte-na-vida-mas-com-ambições-de-uma-carreira-de-sucesso, pensei que já não existia no mundo espaço para mais raging bulls ou rockies, nomeadamente depois dos recentes sucessos de Million Dollar Baby e Cinderella Man. Afinal ainda há e The Fighter é a prova disso.

Baseado na história verídica do ex-boxeur e campeão mundial de boxe, Micky Ward (Mark Wahlberg), o filme de David O. Russell começa num registo diferente: como se fosse um documentário (registo por vezes utilizado ao longo do filme). Um documentário sobre o meio-irmão e treinador de Ward, Dicky Eklund (Christian Bale), um ex-pugilista, bastante popular no seu bairro, que viu a sua carreira comprometida devido ao vício do crack.

The Fighter vive assim da relação entre os dois personagens e dos seus dramas e conflitos pessoais, naquela que, convencional, podia ser mais uma narrativa sobre o boxe. Mas que, devido ao especial destaque dado a família problemática (e dramática) dos personagens, escapa ao triste destino de ir parar a caixa dos “mais-um-boxing-film-americano”.

Algo que também só é possível devido à excelente prestação do elenco do filme, que conta com nomes como Mark Wahlberg, Christian Bale, Amy Adams e Melissa Leo. À semelhança de The Kids Are All Right, é o elenco que faz realmente o filme funcionar e estabelecer-se como um dos melhores filmes dramáticos do ano.

Dos quatro actores, Wahlberg é aquele que menos se destaca. Por vezes, ficamos mesmo com a sensação de que o seu papel é mesmo secundário (embora isso deva-se também a uma falha ou estratégia inteligente - fica ao vosso critério - por parte de Russell de ao longo do filme evidenciar os restantes personagens, nomeadamente Dicky, em detrimento do de Wahlberg). Ainda assim, Wahlberg consegue uma das melhores prestações da sua carreira.

Melissa Leo e Amy Adams, que interpretam, respectivamente, a mãe de Ward e a namorada do mesmo estão brilhantes e justificam inteiramente a nomeação de ambas ao Óscar de melhor actriz secundária. No entanto, Leo acaba por roubar a cena interpretando uma “mulher de família” bastante teatral mas, simultaneamente, bastante humana.

Já Christian Bale, quase que irreconhecível na pele de um cadavérico Dicky, é quem mais se destaca no filme com uma interpretação memorável e merecedora do Óscar de melhor actor secundário.

Além de um elenco fantástico e carismático, The Fighter não tem muito mais a oferecer do que um enredo convencional mas bem concebido e uma realização bastante consistente mas longe do primor e genialidade de Aronofsky ou Fincher (ainda hei-de entender porque Russell foi nomeado para melhor realizador; Boyle, Nolan ou mesmo, Granik seriam nomeados bem mais justos).

É certo que The Fighter não é simplesmente mais-um-boxing-film-americano, mas está longe de ser um digno sucessor de Raging Bull, Rocky ou Million Dollar Baby. Mata a sede mas não nos deixa com vontade de beber mais água.

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