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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Óscares 2011: True Grit (Crítica)

O Western segundo os Coen

Classificação: 9/10

Pensavam que o bom e velho western tinha morrido? Desenganem-se. Os manos Coen (Fargo e No Country For Old Men) recuperam-no das prateleiras onde o enterramos. True Grit, um remake do clássico homónimo de 1969, é o filme que nos vem provar que o western ainda não é um género obsoleto.

Assim, a história de Mattie Ross (Hailee Steinfeld), jovem de 14 anos cujo pai é assassinado que parte em busca do assassino de seu pai, juntamente com um veterano da Guerra Civil Americana, Rooster Cogburn (Jeff Bridges) e com o lawman, LaBoeuf (Matt Damon), regressa ao grande ecrã. Desta feita, pela mão dos aclamados irmãos Coen.

Como se não fosse árduo o suficiente fazer um remake de um clássico do cinema, Ethan e Joel Coen conseguem ainda realizar um filme excelente que em muita coisa supera o anterior, com a mesma qualidade que nos vêm habituado nos últimos anos (embora não supere Fargo ou No Country For Old Men, sejamos justos).

Com uma fotografia de cenários pitorescos, composições perfeitas e com uma inteligente utilização da cor, os Coen demonstram que continuam em grande e confirmam porque são dos realizadores mais geniais da sua geração.

Como seria de esperar, o argumento é bastante semelhante ao do True Grit de Hathaway. Mantendo assim a mesma complexidade e eloquência nos diálogos e uma certa congruência em quase todos os acontecimentos retratados. Uma excepção é o facto de, contrariamente ao seu antecessor, o filme começar (e terminar) com a narração de uma Mattie Ross mais velha. Uma boa opção por parte dos Coen, na minha opinião, embora desvende desde logo que a menina sobreviverá a sua jornada.

Notas positivas ainda para a trilha sonora e, principalmente, para o elenco, no qual destaca-se o desempenho marcante e surpreendente de Hailee Steinfeld. A jovem actriz rouba a cena e demonstra possuir imenso talento e uma segurança rara em actrizes da sua idade. Superando mesmo a interpretação de Kim Darby na versão de 1969.

Já Jeff Bridges, que interpreta o veterano Rooster Cogburn, não surpreende nem decepciona, numa actuação competente mas que não sei até que ponto justifica uma nomeação ao Óscar de melhor actor. Não suplantando assim a interpretação do célebre John Wayne (na versão de 1969). Feito que até lhe era possível.

Matt Damon, como sempre, cumpre o seu papel com bastante mérito. O mesmo podemos dizer em relação a Josh Brolin, com o seu discreto Tom Chaney.

True Grit é um bom filme e que segue às riscas o padrão de filme-para-ser-candidato-a-Óscar (o que justifica as suas dez nomeações ao mesmo). Mas que não considero que tenha o necessário para levar o cobiçado prémio para casa. (Por vezes é demasiado despido e lento.) Como sabemos: nem sempre seguir o livro de receitas nos garante o bolo perfeito.

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