
Nas ruas da capital iemenita, Sana, correm os mesmos sopros primaveris que têm se espalhado pelo mundo árabe como tempestade de areia. Daqueles que provocaram a queda dos regimes “trintagenários” de Ben Ali, na Tunísia e de Mubarak, no Egipto.
No entanto, o Iémen, poeirento país da Península Arábica apresenta-se como um caso distinto dos da Tunísia e do Egipto. Ou não acham estranho que as manifestações/insurreições ocorridas no país tenham sido tão discretas?
Não, se tivermos em conta que o país é consideravelmente ainda-menos-desenvolvido do que a Tunísia e o Egipto. É um país onde a grande maioria da população vive em áreas rurais afastadas (e não estamos a falar da distância Lisboa-Estremoz) e, acima de tudo, desconectadas. É um país onde a taxa de analfabetismo é altíssima. E a classe média, escassa. É um país onde a oposição é bastante fraca e absolutamente rendida aos “encantos” de Ali Abdullah Saleh. Ou, absolutamente ofuscada, pelos apoiantes deste.
Assim, as debilidades socio-económicas do país e a sua ausência de corredores (daqueles com um simpático nome em inglês) dificultam que a brisa primaveril que envolve o país se transforme em correnteza e que com ela leve mais um septuagenário para a reforma forçada.
O descontentamento e a indignação, esses sim, são os mesmos: os que fizeram Ben Ali e Mubarak caírem da cadeira e que vai dando ares de sua graça noutros países das mil-e-uma-noites. Quais? Não digo. Estejam atentos ao que anda a Clara de Sousa e o Rodrigues dos Santos a dizer enquanto degustam o vosso cozido.
É certo que a saída de Mubarak veio dar novo fôlego a luta dos iemenitas. Mas será este ar (ou brisa) suficiente para suster uma revolução? E se os Estados Unidos fizessem uma respiração boca a boca? (talvez se não tivessem al-qaedafobia) Bem, uma coisa sabemos: nem só de descontentamento e indignação se fazem revoluções. Não é, Zuckerberg?
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