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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Today, Egypt. Tomorrow, Yemen?


Nas ruas da capital iemenita, Sana, correm os mesmos sopros primaveris que têm se espalhado pelo mundo árabe como tempestade de areia. Daqueles que provocaram a queda dos regimes “trintagenários” de Ben Ali, na Tunísia e de Mubarak, no Egipto.

No entanto, o Iémen, poeirento país da Península Arábica apresenta-se como um caso distinto dos da Tunísia e do Egipto. Ou não acham estranho que as manifestações/insurreições ocorridas no país tenham sido tão discretas?

Não, se tivermos em conta que o país é consideravelmente ainda-menos-desenvolvido do que a Tunísia e o Egipto. É um país onde a grande maioria da população vive em áreas rurais afastadas (e não estamos a falar da distância Lisboa-Estremoz) e, acima de tudo, desconectadas. É um país onde a taxa de analfabetismo é altíssima. E a classe média, escassa. É um país onde a oposição é bastante fraca e absolutamente rendida aos “encantos” de Ali Abdullah Saleh. Ou, absolutamente ofuscada, pelos apoiantes deste.

Assim, as debilidades socio-económicas do país e a sua ausência de corredores (daqueles com um simpático nome em inglês) dificultam que a brisa primaveril que envolve o país se transforme em correnteza e que com ela leve mais um septuagenário para a reforma forçada.

O descontentamento e a indignação, esses sim, são os mesmos: os que fizeram Ben Ali e Mubarak caírem da cadeira e que vai dando ares de sua graça noutros países das mil-e-uma-noites. Quais? Não digo. Estejam atentos ao que anda a Clara de Sousa e o Rodrigues dos Santos a dizer enquanto degustam o vosso cozido.

É certo que a saída de Mubarak veio dar novo fôlego a luta dos iemenitas. Mas será este ar (ou brisa) suficiente para suster uma revolução? E se os Estados Unidos fizessem uma respiração boca a boca? (talvez se não tivessem al-qaedafobia) Bem, uma coisa sabemos: nem só de descontentamento e indignação se fazem revoluções. Não é, Zuckerberg?

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