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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Óscares 2011: The King's Speech (Crítica)

A fábula do rei que vai gago
Classificação: 9/10

Estamos em 1925. E o príncipe e Duque de York, Albert (Colin Firth), em ocasião da tradicional Exposição do Império Britânico, tem que discursar perante um estádio de Wembley cheio de olhares atentos e corações expectantes. É certo que o aspirante a rei não ia nu, mas era gago. E os seus problemas de gaguez foram desde logo percebidos por todos. Se pretendesse ocupar o trono, Albert (ou Bertie para os amigos) precisava então de resolver imediatamente o seu problema de fala. Contudo, até então, a ajuda dos especialistas e os seus métodos em nada resultaram e Bertie continuou, gago. Assim, pressionado pela sua mulher, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o príncipe acaba por aceitar o tratamento pouco ortodoxo de um terapeuta australiano, Lionel Logue (Geoffrey Rush). Está dado o mote para o desenrolar do filme e da intimista relação que o sustém.

Poderia dizer como disse relativamente a The Kids Are All Right ou The Fighter, que este filme também vive dos seus actores. E vive. Mas não só. Poderia dizer que estamos perante um filme com um enredo convencional mas cujas características feel good agradarão a generalidade dos espectadores. E agradam. Mas não só. Poderia dizer que (à semelhança de True Grit, por exemplo) o filme respeita os padrões de filme-feito-para-ser-candidato-a-Óscar com uma realização irrepreensível e uma fotografia belíssima. E respeita. Mas não só. Assim resultado de uma combinação discreta de factores, quase perfeito mas demasiado despretensioso, The King’s Speech conquistou a crítica e os espectadores. E além disso parte como principal favorito ao prémio máximo, o Óscar de melhor filme.

Mas nem tudo são rosas, neste mar que enjoa de tão britânico. Eis o problema de The King’s Speech – o facto de ser excessivamente medido e zeloso, o que deixa por vezes demasiado singelo e despido, próximo de um registo meramente documental. Meramente shakespeariano.Link
Regressando aos actores, é recomendável que Colin Firth vista o seu melhor fato e que já tenha o discurso bem estudado porque o Óscar é merecidamente seu. O actor fez um trabalho fantástico que mesmo aqueles que não gostarem do filme, não hesitarão em reconhecer. O veterano Geoffrey Rush teve também um desempenho notável que poderá lhe valer o Óscar de melhor actor secundário. O que até seria justo, não fosse a performance de Christian Bale em The Fighter. Helena Bonham Carter não decepciona na pele da esposa de Bertie, Elizabeth. Contudo, tem um papel demasiado discreto para que seja uma rival à altura de Steinfeld, Leo ou Adams para o Óscar de melhor actriz secundária.

The King’s Speech é um filme extraordinariamente bem feito, mas que não tão actual como The Social Network, não tão original como Inception, não tão memorável como True Grit ou não tão asfixiante como Black Swan está destinado ao esquecimento. A não ser que o alienígena dourado o salve. Mais logo veremos.

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